A partir de hoje, fica instituído que todos os cinco
sentidos do corpo – olfato, tato, audição, paladar e visão – somente serão
usados pelo ser humano para o amor.
Sobre o olfato, vale dar cheirinho no pescoço, na
barriga e atrás das orelhas. Tesão e arrepios não serão passíveis de autorização, pois acontecem deliberadamente em razão do progresso e da desenvoltura de quem oferece a experiência sensorial.
Sobre a audição, todos têm direito a ouvir palavras cativantes, versos safadinhos, música romântica e juras de amor. Fica proibido o
silêncio entre as pessoas que se gostam ou se amam.
Sobre a visão, o amor começa no olhar. Flertar saudavelmente com a pessoa amada é
lei das mais bonitas. Admirar também.
Sobre o tato, está automaticamente liberado o carinho que conforta ou seduz, o
toque que desperta desejo, que alimenta a paixão. Vale ressaltar que o tato deve ser consensual. Se um não quer, ninguém
tem.
E sobre o paladar, fica instituído que beijar é obrigatório.
O beijo, quando vale a pena, tem o melhor gosto: a textura
do sentimento. Quem beija é mais feliz. Beijo emagrece – quando bem dado, é muita caloria queimada. Beijo rejuvenesce – um simples “selinho” com afeto equivale a uma ruga a menos no corpo e um mês a mais no calendário da vida.
Parágrafo único: Se você ama alguém, e esse amor é recíproco, não perca tempo. Dê um cheirinho no cangote. Fale ‘eu te amo’ repetidas
vezes. Escute o que ele ou ela tem a lhe dizer no pé do ouvido. Olhe no fundo
dos seus olhos com sentimento. Dê um beijo caloroso, tire o batom dela (ou
dele), dê mordidinhas suaves nos lábios. Faça amor. Ame. Ame de novo. Ame
sempre. Se você não ama como antes, reinvente o amor – ainda pode haver uma chance.
E se o amor acabou, não desista. Haverá sempre alguém à espera com o
coração nas mãos.
(*) Jornalista e editor do Colcha de Letras.